A escola e a construção de valores
Pensar na construção de escolas democráticas que almejem a construção de personalidades morais nos leva a compreender alguns dos diversos fatores que interferem neste processo dentro do cotidiano escolar. Sua identificação auxilia na compreensão da complexidade das relações presentes no cotidiano escolar e na busca por formas mais realistas de intervenção na educação para a cidadania. Os aspectos identificados, que serão abordados nesta video-aula, são: os conteúdos escolares; a metodologia das aulas; o tipo e natureza das relações interpessoais; os valores; a auto-estima e o auto-conhecimento dos membros da comunidade escolar; e os processos de gestão da escola. Profº Ulisses Araújo
Hoje as escolas buscam a formação de cidadãos plenos e autônomos, e para isso há a necessidade da criação de escolas democráticas, que criem espaços de discussão e reflexão.
Porém, temos um currículo o qual não privilegia a formação de valores ou de cidadania, e essa é uma preocupação que precisa entrar no planejamento das aulas.
Temos assim, alguns pontos que necessitam ser revistos/incluídos, para que uma formação de valores seja privilegiada dentro do ambiente escolar:
1. Conteúdos Escolares: estes que muitas vezes são oriundos de currículos previamente definidos por um sistema que nem sempre é adequado a determinadas regiões ou comunidades. Cabe então ao docente, em sala de aula, adequar a sua práxis.
2. Metodologias das Aulas: a formação continuada dos docentes é fundamental para que as metodologias adotadas em sala de aula sejam as mais eficazes possíveis. Temos hoje na grande maioria dos sistemas a promoção de espaços formativos para os docentes dentro das próprias unidades escolares, o que nos serve muito no debate sobre as metodologias utilizadas.
3. O trabalho intencional com valores: este é um outro aspecto não contemplado pelos currículos oficiais dos grandes sistemas educacionais brasileiros. Se faz necessário, que o docente tenha a habilidade de relacionar aos seus conteúdos disciplinares a discussão que propicie a formação de valores nos alunos.
4. Relações interpessoais: talvez esse aspecto seja um dos mais necessários nos dias de hoje ao se entrar num ambiente escolar. A diversidade social que encontramos nas salas de aulas de nossa escolas, faz com que o docente desenvolva a mediação de conflitos interpessoais, tanto entre alunos como entre os demais profissionais.
5. Auto estima: esse com certeza é um problema de difícil equalização. São alunos oriundos de lares desajustados, sem nenhuma auto-estima, professores com baixos salários, em jornadas duplas, ou triplas de trabalho, sem o devido reconhecimento de seus empenhos. E esta ciranda se torna um círculo vicioso, onde um não consegue estimular e incentivar o outro a trabalhar melhor, criando um ambiente propício ao desenvolvimento da aprendizagem.
6. O auto conhecimento: é necessário que haja um equilíbrio emocional dos personagens envolvidos nesta nossa escola, afim de garantir que o objetivo final, que é a criação de cidadãos plenos, seja alcançada. Todos devem ser capazes de saberem reconhecer em si próprios seus sentimentos e suas emoções.
7. Gestão escolar
Um dos pontos cruciais nesse processo de adequação das unidades escolares se diz respeito a gestão escolar, onde temos ainda espaços não democráticos, com muitas regras que não são discutidas pela comunidade escolar, e sim impostas de cima para baixo.
Em segundo lugar temos os conteúdos escolares, que tratam somente de conteúdos teóricos, não dando espaço para a formação de valores.
Quanto as estratégias desenvolvidas em sala de aula, há muito que se discutir, pois apesar de termos muitos discursos acerca do uso de TIC's, falta à maioria dos docentes capacitação adequada.
Já quando nos referimos aos itens acima enumerados de 3 a 6, temos um problema muito maior do que somente a formação do profissional em educação. Há de se ter profissionais, com sua capacidade cognitiva bem desenvolvida, a fim de perceber como se relacionar com vários alunos diferentes entre si. Com autoconfiança suficiente a conferir aos alunos a capacidade de confiar naquele que os ensina, e segui-lo como modelo.